quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

30 de Dezembro

Conversar com Deus não é só desabafar, nem muito menos é falar para a parede.

Deus escuta-nos, apesar de que sabe aquilo que vamos dizer antes de o dizermos e sabe aquilo que pensamos antes até de o pensarmos. Deus sabe tudo e conhece-nos como ninguém, por isso fala-nos com a verdade e aconselha-nos com sabedoria.

Então, rezar - que é conversar com Deus -, é não só aquilo que dizemos e sentimos, mas também (e tão ou mais importante) aquilo que Deus nos diz.

E não é preciso ouvir vozes para saber quando Deus nos fala, embora até isso seja possível.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

29 de Dezembro


"Valeu-me a pena viver? Fui feliz, fui feliz no meu canto, longe da papelada ignóbil. Muitas vezes desejei, confesso-o, a agitação dos traficantes e os seus automóveis, dos políticos e a sua balbúrdia - mas logo me refugiava no meu buraco a sonhar. Agora vou morrer - e eles vão morrer.

A diferença é que eles levam um caixão mais rico, mas eu talvez me aproxime mais de Deus. O que invejei - o que invejo profundamente são os que podem ainda trabalhar por muitos anos; são os que começam agora uma longa obra e têm diante de si muito tempo para a concluir. Invejo os que se deitam cismando nos seus livros e se levantam pensando com obstinação nos seus livros. Não é o gozo que eu invejo (não dou um passo para o gozo) - é o pedreiro que passa por aqui logo de manhã com o pico às costas, assobiando baixinho, e já absorto no trabalho da pedra.

Se vale a pena viver a vida esplêndida - esta fantasmagoria de cores, de grotesco, esta mescla de estrelas e de sonho? ... Só a luz! só a luz vale a vida! A luz interior ou a luz exterior. Doente ou com saúde, triste ou alegre, procuro a luz com avidez. A luz é para mim a felicidade. Vivo de luz. Impregno-me, olho-a com êxtase. Valho o que ela vale. Sinto-me caído quando o dia amanhece baço e turvo. Sonho com ela e de manhã é a luz o meu primeiro pensamento. Qualquer fio me prende, qualquer reflexo me encanta. E agora mais doente, mais perto do túmulo, busco-a com ânsia."

in " Se Tivesse de Recomeçar a Vida"
Raul Brandão (1967-1930)

28 de Dezembro

"Não te deixes distrair com os incidentes que te chegam de fora! Reserva-te um tempo livre para aprender qualquer coisa de bom e deixa-te de flanar sem rumo! Já é tempo de te guardares doutra sorte de vagabundeio. Bem loucos, com efeito, são aqueles que, por serem topa-a-tudo, sentem o cansaço da vida e não têm um fim a que dirijam os seus esforços e, para o dizer de uma vez, as suas ideias."

in "Pensamentos"
Marco Aurélio (Imperador Romano)

27 de Dezembro

"No reino da Natureza dominam o movimento e o agir. No reino da liberdade dominam a aptidão e o querer. O movimento é perpétuo e, sendo favoráveis as circunstâncias, manifesta-se necessariamente nos fenómenos. As aptidões, desenvolvendo-se embora em correspondência com a Natureza, têm contudo que ser postas em exercício por parte da vontade para poderem elevar-se gradualmente. É por isso que nunca temos no exercício livre da vontade a mesma certeza que temos na autonomia do agir natural; este último é qualquer coisa que se produz a si mesma enquanto que o primeiro é produzido.

O exercício da vontade, para ser perfeito e eficaz, tem que se adequar: no plano moral, à consciência - a uma consciência sem erro -, e, no domínio das artes, à regra - a uma regra que em nenhum lado está enunciada. A consciência não precisa de nenhum patrocínio, porque tem tudo o que lhe é necessário e porque só tem que ver com o mundo pessoal interior. O génio também não precisaria de nenhuma regra, mas, uma vez que a sua eficácia se dirige para o exterior, está na dependência de múltiplas contingências materiais e temporais, não lhe sendo possível escapar a erros que daí decorrem. E é assim que tudo o que diz respeito a qualquer arte, desde a condução de uma orquestra até à composição de um poema, desde a produção de uma estátua até à execução de um quadro, nos parece, do princípio ao fim, tão espantoso e tão inseguro."

in "Máximas e Reflexões"
Johann Wolfgang von Goethe

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

26 de Dezembro

Hoje trago um conto de Natal inspirador. Vale a pena guardar 25 minutos para o ver, chamar a família, ou quem estiver perto, e nem sequer daremos pelo tempo passar. Esta é uma excelente versão Disney de 1983 do "Um conto de Natal" de Charles Dickens.




25 de Dezembro

Como pode Jesus nascer mais um pouco dentro de mim? Tenho tempo para Deus? Arranjo-lhe o melhor lugar da minha vida, ou continuo a sacudi-lo para a manjedoura?

24 de Dezembro

No outro dia vi na televisão o director de comunicação dos CTT Correios a falar dos milhares de cartas que as crianças portuguesas escrevem no Natal a pedir presentes, seja ao Menino Jesus, seja ao Pai Natal (o nosso São Nicolau). No fim, esse senhor quis resumir esta época festiva a um simplista sound bite: "Natal é magia".

Claro que o sentido que o director dos CTT quis dar à expressão "Natal é magia" era que o Natal tem um encanto especial, que os presentes embrulhados são surpresa, e que há um mistério que provoca ânsia e adrenalina pela descoberta das novidades. Agora, o "Natal é magia"? Não. Antes pelo contrário, o Natal de Jesus Cristo trouxe o fim da magia!

Os Magos que vieram do Oriente (magos!), seguiram a estrela (astrologia!), trouxeram ao Menino Jesus presentes dignos de Deus, de Rei e de Homem, adoraram-n'O (reconhecer em Cristo a Verdade e o poder de Deus) e voltaram às suas terras por outro caminho (e não o antigo caminho, o da magia e das superstições). Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Com Ele acaba-se o poder das trevas.

O Natal não é magia, não. O Natal é um encanto, verdadeiro, pelo mistério do amor de Deus que se fez Homem para nos salvar. Diz-se que a magia e as superstições são coisas do diabo, e até são, no sentido em que nos aprisionam, nos tornam mais escravos, escravos de crenças e do acaso. Já a Verdade, liberta.

Deus libertou-nos de várias prisões, entre elas a da magia e das superstições. E mesmo que tenhas ainda algumas batalhas a travar dentro de ti, não te esqueças que tens Deus sempre ao teu lado e que só Ele basta para poderes vencer.

23 de Dezembro

Dia 23 de Dezembro é um dia especial para mim porque celebro a vida de três maneiras diferentes: um irmão que faz anos; um jantar tradicional de amigos, que se repete todos os anos com os mesmos de sempre; um grande amigo e uma grande amiga que fazem anos de namoro (e que em breve se irão casar). Celebro a vida que começou, a vida que desfruto, e a vida do que há-de vir. Bendito dia 23 de Dezembro, que todos os anos é festa, uma bênção e uma alegria. Graças a Deus, tudo graças a Deus!

22 de Dezembro

Deus é bom e é fiel.

"Não há nada que devamos ter medo. Ele morreu na cruz por nós, ainda que injustamente"

Ele nos assegurou que "estará connosco até ao fim dos tempos."

sábado, 25 de dezembro de 2010

21 de Dezembro

Os Magos chegam a Jerusalém. E lá a estrela desaparece. Levados diante de Herodes, dizem que procuram o Rei dos Judeus, que acabou de nascer. Herodes fica perturbado e com ele, toda a Jerusalém. Herodes, consultando os príncipes dos sacerdotes e escribas, indica aos magos que é em Belém de Judá que nasceu o Menino. Pediu-lhes para que o avisassem quando encontrassem o Menino, para que ele fosse também adorá-Lo. Herodes assim o pedia, para matar Jesus. Mais tarde, José e a família tiveram que fugir, para que Herodes não matasse o Menino.

Hoje, concerteza que também existem outros Herodes. Um grande mistério este, de alguém querer matar "o Caminho, a Verdade e a Vida". Peçamos a Deus, luz divina para estes e que os seus Anjos da Guarda levem-os até junto de Deus.

Nasceu Jesus! Os Anjos do Céu entoam um cantico de louvor, e os magos O adoram. Há maior felicidade que a humanidade pode ter!? Jesus quis nascer na pobreza extrema. Na verdade, a verdadeira riqueza não é exterior mas sim interior. Veio para dar a luz a todos os homens. Veio, ainda que soubesse que muitos O iriam rejeitar e até maltratá-Lo. Veio por ti, por mim, por cada homem. Veio libertar o homem da escravidão do pecado, para que podessemos ser filhos de Deus.

PBP

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

20 de Dezembro


"O Verbo encarnou e habitou entre nós", diz S. João no prólogo do seu Evangelho.

Neste Natal 2010 queremos dar graças a Deus por esta maravilha de se ter feito um de nós, para caminhar connosco e nos conduzir à felicidade para a qual fomos criados. Mas queremos agradecer-lhe também este chamamento que nos fez a sermos, dia a dia, arautos desta vinda, portadores deste Verbo junto de tantos e tantos dos Seus filhos.

Não podemos passar estas Festas sem partilhar convosco a alegria que irradia da gruta de Belém. Desejamo-vos um Santo e feliz Natal e que a Luz que iluminou as trevas brilhe nos vossos corações ao longo de todo o ano que se aproxima.


retirado d'O Evangelho Quotidiano


Esta mensagem fez eco em mim e por isso quis deixá-la aqui, para vocês, meus amigos em Deus. Um Santo Natal para todos, e que este desejo de Santidade nos acompanhe a todos, em Cristo, no Ano Novo que se aproxima. Um abraço :)

domingo, 19 de dezembro de 2010

19 de Dezembro

"a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel"

Emanuel, que quer dizer Deus connosco. Connosco, em cada milénio, século, dia, segundo, casa, vida. De cada um, a cada instante.No concreto de cada momento nosso.

Esta semana que passou, houve um dia que precisei de uma coisa muito específica. E pedi-a a Jesus. Ao fim do dia, essa coisa não só aconteceu, como aconteceu por três vezes (por três pessoas diferentes). Deus está sempre connosco!

"Eis que Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28, 20)

18 de Dezembro

Foi então que perguntaram à Carolina,
- Qual é, afinal, o sorriso mais bonito?
- É aquele que tem rugas - respondeu, sorrindo.

17 de Dezembro

Hoje, na Igreja de Santo António em Lisboa, faltava o Menino Jesus. "Ainda não nasceu", fazemos de conta. Então, no Seu lugar entre Maria e José, estava uma Bíblia. A Palavra de Deus, que se cumpre sempre. O Verbo se fez Homem, e Ele habita entre nós. É isso que celebramos nestes dias.

sábado, 18 de dezembro de 2010

16 de Dezembro

"A vida caminha precipitadamente. Perseguimos alguns esquemas flutuantes ou somos perseguidos por algum medo ou autoridade atrás de nós. Mas, se, de repente, encontramos um amigo, paramos; o nosso calor e a nossa pressa tornam-se ridículos. Ora a pausa, ora o domínio são necessários e também a força para encher o momento dos eflúvios do coração. O momento é tudo, em todas as relações nobres. Uma pessoa divina é a profecia do espírito; um amigo é a esperança do coração. A nossa ventura espera pela concretização destas duas em uma.

Os séculos estão a dilatar essa força moral. Toda a força é a sombra ou o símbolo daquela. A poesia é alegre e forte quando extrai nessa fonte a sua inspiração. Os homens só inscrevem os seus nomes no mundo quando estão cheios deste. A história tem sido ignóbil; as nossas nações têm sido a gentalha; nunca vimos um homem: essa forma divina que ainda não conhecemos, mas apenas o sonho e a profecia de tal; não conhecemos os modos majestosos que lhe são peculiares e que acalmam e exaltam o observador.

Um dia veremos que a energia mais particular é a mais pública, que a qualidade afina com a quantidade e a grandeza de carácter actua na sombra e socorre aos que nunca a viram. O que de grandeza já apareceu são os princípios e estímulos para que prossigamos nesse sentido. A história daqueles deuses e santos que o meundo tem escrito, e depois adorado, são provas de carácter."

in 'O Carácter'
Ralph Waldo Emerson

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

15 de Dezembro

Na História há o a.C. e o d.C.: antes de Cristo e durante Cristo. Durante, sim, e não depois! Não nos esqueçamos que Cristo vive. Estamos quase a celebrar esse preciso momento em que tudo mudou para sempre, tanto que passou a ser o marco a partir do qual contamos o tempo: a.C. e d.C..

14 de Dezembro

"A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo."

Alberto Caeiro

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

13 de Dezembro

Estás cá de passagem! Disso não temos dúvidas.


"Faz todo o bem que te é possível", dizia a Irmã Mary Jane Wilson, fundadora das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias.

Quando o Senhor nos chamar, levaremos connosco o bem que fizemos e o bem que não chegámos a fazer

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

12 de Dezembro

Não sejas obcecado com o poder. Sê obcecado pela Verdade.

É importante ter em mente este confronto "Verdade versus Poder", porque é precisamente neste conceito que se distingue a Igreja de alguns dos seus inimigos, nomeadamente a maçonaria. Há quem faça a confusão, e diga que Igreja e maçonaria têm valores comuns, como o amor, a fraternidade, a liberdade. Mas neste caso, estas palavras são ocas, pois, com as mesmas letras e sons, são no fim de contas recheadas por diferentes significados.

Abre parêntesis.

O amor entre namorados, por exemplo, é muito diferente se o entendermos de um prisma do poder, em vez de o vivermos a partir da verdade. Do ponto de vista do poder, o amor é possuído: "ela é minha, é a minha namorada"; quando na verdade, ela não é escrava de ninguém, mas digna e livre, merecedora de todo o nosso respeito. Se o rapaz olhar para a sua namorada com verdade, mais facilmente a ama. Se a vir como posse, não parará de fazer exigências e de a tentar "domesticar".

Fecha parêntesis.

Jesus Cristo disse e nós acreditamos, que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Por isso, não cedas na Verdade. Busca-a incansavelmente, sem nunca te dares por satisfeito. Tem a coragem de mergulhar as raízes das tuas convicções no amor de Deus, e então verás como podes ser feliz, até na dor.

Verás também como as demais seduções são ervas daninhas que nos secam e fazem das nossas vidas um campo estéril, sem sentido, e mais tarde como um saco vazio que só se enche de tristeza, sem sabermos como nem porquê.

Só em Deus podemos ser felizes.

O poder isola, a Verdade une.

11 de Dezembro

É moda, já faz uns anos, a expressão de ânimo/conselho "sê tu próprio(a)", ou "sê tu mesmo(a)". Muitos jovens que eu conheço se cumprimentam ou despedem com um "fica bem, nunca mudes". E por outro lado, temos também presente que Deus gosta de cada um de nós tal como somos.

Cuidado com isto.

Deus criou em cada um e uma de nós, pessoas únicas e irrepetíveis. Deu-nos um conjunto de dons e características que desenvolvemos e combinamos de uma forma completamente original, a que chamamos também de personalidade.

Mas, é claro que Deus não fica contente com os nossos erros e defeitos. O facto de Deus amar cada um e uma de nós de forma especial e incondicional, não exclui a nossa obrigação de melhorar e crescer na santidade.

domingo, 12 de dezembro de 2010

10 de Dezembro

Deus já veio para nos salvar. Agora sim, tu consegues. As tentações e outros obstáculos aparecem-te no caminho, mas todas essas dificuldades só tornam a vitória mais saborosa.

Para vencer tens de lutar, pedir a Deus força, lembrar-te que Ele se sacrificou por nós e ressuscitou para nos salvar. Com Deus, há sempre esperança, pois há sempre uma maneira de vencer. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Deus é amor e quer-nos muito a seu lado. Mas não nos obriga, deu-nos a liberdade de O escolher ou de O rejeitar.

Deus deu-te tanta liberdade, que inclusive te deu a liberdade de escolheres a escravidão. A escravidão às vezes maquilha-se e parece bonita, apetecível, tentadora. A escravidão é sem dúvida o caminho mais fácil. Mas a liberdade e o amor a Deus é o que fará de ti um Homem (ou uma Mulher).

Não tenhas medo, Deus é o melhor que nos aconteceu. Ser Santo é ser feliz. Vem connosco.

sábado, 11 de dezembro de 2010

9 de Dezembro


"Nunca se pratica o mal tão plena e alegremente como quando praticado por [falsas] convicções religiosas".

(frase de Pascal, retirada do filme Des hommes et des Dieux)

Ao olhar para este filme não pude deixar de pensar que o fundamentalismo está ali apenas a meio passo de mim. Basta um olhar de desdém sobre uma outra religião convencida de que a minha é que é o caminho verdadeiro da salvação; ou a recusa de ajuda a quem necessita porque me acho no direito de julgar... quantas coisas supostamente boas nas quais digo que acredito e as quais prego, a mim e aos outros, sem me questionar se a minha vida e as minhas acções falam delas. A única fé que vale a pena é a fé que ama: ama a Deus, que é o Amor, e por Ele renuncia a tudo o que escraviza, e ama o outro sem reservas, até ao fim.


Um filme mesmo bom, que dá uma outra visão sobre o Islamismo e toca no essencial... fica o convite =)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

8 de Dezembro

Que já fiz eu para fazer com que Jesus nasça no meu coração neste Natal? Serei porventura, mais uma daquelas pessoas, que nega hospedagem a Santa Maria e a São José, aquando está para nascer o Senhor?

Faltam 2 semanas para a celebração da vinda do Senhor. Ainda vamos a tempo, de preparar e de querer receber o Senhor em nossos corações! Graças a Deus!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

7 de Dezembro


Como nos ama o nosso Deus, que não só veio até nós, como torna possível que nós O recebamos em nós mesmos, na Eucarístia!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

6 de Dezembro


Ontem (6 de Dezembro) não consegui ir à missa de sétimo dia do Avô de um amigo meu e por isso preparei-me para ir a uma missa semanal em Lisboa. Já era tarde e escolhi ir a São Nicolau às 10h. Estava-me a sentir bem pelo que estava a fazer e apetecia-me realmente ir à missa.
Quando cheguei à Igreja, benzi-me como sempre e fui-me sentar à espera que a missa começasse. Esperei uns dez minutos distraída a rezar e a olhar para a Igreja que estava cheia de flores, velas e para o presépio. Só então reparei que estava o Santíssimo exposto.
Não sei porquê mas senti uma alegria e ajoelhei-me imediatamente a rezar o terço, quando acabei percebi que não ia haver missa mas fui-me embora muito mais contente do que cheguei.
No caminho para casa fui ainda a rezar e fiquei ainda mais feliz quando subi o elevador da Glória, enlatada no meio de espanhóis a cantar e bater palmas!

domingo, 5 de dezembro de 2010

5 de Dezembro


"Porque ficas de braços cruzados, se o Maior Homem do mundo morreu de braços abertos"?

sábado, 4 de dezembro de 2010

4 de Dezembro

"Se os outros se observassem a si próprios atentamente como eu achar-se-iam, tal como eu, cheios de inanidade e tolice. Não posso livrar-me delas sem me livrar de mim mesmo. Estamos todos impregnados delas, mas os que têm consciência de tal saem-se, tanto quanto eu sei, um pouco melhor.

A ideia e a prática comuns de olhar para outros lados que não para nós mesmos de muito nos tem valido! Somos para nós mesmos objecto de descontentamento: em nós não vemos senão miséria e vaidade. Para não nos desanimar, a natureza muito a propósito nos orientou a visão para o exterior. Avançamos facilmente ao sabor da corrente, mas inverter a nossa marcha contra a corrente, rumo a nós próprios, é um penoso movimento: assim o mar se turva e remoinha quando em refluxo é impelido contra si mesmo.

Cada qual diz: «Olhai os movimentos do céu, olhai para o público, olhai para a querela deste homem, para o puso daquele, para o testamento daqueloutro; em suma, olhai sempre para cima ou para baixo, ou para o lado, ou para a frente, ou para trás de vós.»

O mandamento que na antiguidade nos preceituava aquele deus de Delfos ia contra esta opinião comum: «Olhai para dentro de vós, conhecei-vos, atende-vos a vós mesmos, reconduzi a vós próprios o vosso espírito e a vossa vontade que se consomem noutras partes; vós vos esvaziais e desperdiçais; concentrai-vos em vós mesmos, refreai-vos; atraiçoam-vos, dissipam-vos e roubam-vos a vós mesmos. Não vês que este mundo tem as miradas todas crivadas no interior e os olhos abertos para se contemplar? No teu caso, tudo é vaidade, dentro e fora, mas é menor vaidade se for menos extensa. Salvo tu, ó Homem», dizia esse deus, «cada criatura primeiro se estuda a si própria e, de acordo com as suas necessidades, impõe limites aos seus trabalhos e desejos. Não há nenhuma criatura tão vã e tão necessitosa quanto tu, que abarcas o universo: és o escrutador sem conhecimento, o magistrado sem jurisdição e, no fim de contas, o parvo da farsa.» "

in 'Ensaios - Da Vaidade'
Michel de Montaigne

3 de Dezembro

"No contexto das celebrações do centenário da República, fica aí uma reflexão sobre o pensamento do Padre Joaquim Alves Correia, a figura católica mais lúcida da primeira metade do século XX em Portugal. Republicano convicto, morreu no exílio, em 1951 - a ocasião próxima foi a publicação do artigo "O mal e a caramunha", que pode ler-se na Antologia que preparei: Joaquim Alves Correia. Cristianismo e revolução.


Foi um precursor do Concílio Vaticano II. Chamavam-lhe o "Padre Larguezas", por causa de um livro admirável: A Largueza do Reino de Deus, que mostra como o Reino de Deus se estende para lá da Igreja. Muito considerado por ateus e agnósticos, como António Sérgio, que o admirava por ser um "padre cristão", ou Bento de Jesus Caraça, que o convidou para escrever De Que Espírito Somos, era um democrata e um pensador. O que hoje mais falta: pensar.


O seu pensamento gira à volta de alguns princípios fundamentais.

1. O princípio primeiro é o da Comunhão transcendente ou Transcendência comunional. No princípio, era a Vida em comunhão. Para o cristianismo, Deus não é o Motor imóvel, mas o Deus unitrino, o Deus Amor, que cria por amor.

Este princípio destrói toda a forma de totalitarismo e supera o niilismo. É preciso salvaguardar a Transcendência. De facto, no quadro da imanência, há sempre o perigo do totalitarismo: a totalidade seria plenamente cognoscível e quem detivesse a verdade toda deveria impô-la. A outra face do totalitarismo é o niilismo. E não é aí que estamos? Mas, se no princípio é a Transcendência comunional, a criação não é cega, tem um sentido.

2. Daqui, derivam todos os outros princípios. Em primeiro lugar, o princípio da liberdade: Deus cria a partir do nada por puro amor, não por necessidade.

3. Outro princípio é o da história, do progresso, da autonomia. Na criação por amor, há a afirmação da autonomia das realidades terrestres. A ciência, a política, a economia, a própria moral seguem as suas normas e regras, sem tutela da religião.

4. Impõe-se o princípio dos direitos divinos do ser humano. Deus não cria por causa dele, mas por causa do ser humano, do seu bem-estar e felicidade. Lá está a afirmação mais revolucionária da história: "O homem não é para o Sábado, mas o Sábado para o Homem". Mesmo as leis de Deus só valem se e na medida em que estão ao serviço da dignidade humana.

5. Segue-se, consequentemente, o princípio da consciência e da tolerância: o princípio do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, no qual se incluem também os ateus que sabem o que isso quer dizer.

6. Outro princípio: o da condenação das absolutizações históricas. A pretensão de realizar totalmente o Reino de Deus no tempo, sob forma religiosa ou secular, é uma tentação constante. Aí está a tentação de confundir o Reino de Deus com a política ou com o dinheiro ou com o sexo.


Ora, isso seria desdivinizar Deus, o que o cristianismo não permite.


A união destes dois princípios - o dos direitos divinos da pessoa, que faz com que todos os seres humanos devam ser respeitados e tenham o direito de participar em todos os domínios da vida como expressão da sua humanidade e para a sua realização, e o da condenação das absolutizações históricas - fundamenta a democracia pluralista, dado que nenhum partido pode ter a pretensão da realização plena e única do ser humano. Por outro lado, esta democracia não pode ser apenas de política formal, pois tem componentes económicas, sociais, ecológicas, etc., o que se traduz nos direitos humanos nas suas várias gerações. A democracia tem de ser política, económica, social, ecológica.


7 . Finalmente, o princípio do sim da esperança. Se Deus é amor, não abandona o ser humano, nem mesmo na morte.


Como disse D. António Ferreira Gomes: "É preciso que não morram no deserto as vozes que, vindas de longe, ainda encerram apelo válido para hoje e para amanhã."


in DN (04.12.2010)

Padre Anselmo Borges

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

2 de Dezembro

Advento - a aceitação da espera

O Advento convida-nos à conversão da nossa atitude fundamental face ao tempo. Alerta-nos para não nos gastarmos no esforço fútil de tentar vencê-lo, sacrificando constantemente a fruição do presente por um futuro sempre diferido e a que nunca chegamos. Em vez disso, pela aceitação serena da espera e a exploração da profundidade da expectativa, procura levar-nos à harmonia com o fluxo do tempo que vamos acolhendo e nunca podemos dominar. Desafia-nos a gozar do que já temos e, sem desistir dos nossos sonhos e desejos, antes pelo contrário, faz-nos perceber que não precisamos de ter imediatamente tudo o que desejamos, que a felicidade não está em transformar instantaneamente todo o desejo em realidade, mas em descobrir paulatinamente toda a espessura dos desejos mais fundos e deixar-se guiar por eles.
Esperar pelo que se deseja é oportunidade de aprofundar e purificar o desejo, de reconhecer a dimensão da falta sentida. Só valem verdadeiramente as coisas por que vale a pena esperar, mas só esperando por elas se descobre quanto valem verdadeiramente para nós. Como diz o Principezinho, “é o tempo que perdeste com a tua rosa que faz a tua rosa tão importante”. É na ausência sentida que se avalia a dimensão do desejado. Sem uma anterior convivência alargada com a necessidade, por não se ter chegado a advertir o tamanho do vazio que é preciso encher, qualquer satisfação será sempre superficial e por isso rapidamente descartada em favor da busca ávida de outra nova. Paradoxalmente, a espera, revelando-nos a dimensão da nossa indigência, é também aquilo que abre para a possibilidade de aproximação à plenitude profunda sustentadamente sentida e fruída.
A espera põe-nos em contacto mais próximo com aquilo de que precisamos mas que não depende de nós, que tem que ser aguardado. Aprender a esperar em paz é reconhecer sem ansiedade os nossos limites, a verdade da nossa realidade. A temporalidade do nosso ser é a experiência que mais imediatamente nos recorda que somos criaturas: recebemo-nos a nós mesmos e, portanto, o nosso viver, para ser conforme com a realidade que somos, tem que ser mais acolhimento e resposta que projecto e controlo.

Hermínio Rico, sj.

1 de Dezembro

Este Domingo que passou foi o primeiro Domingo do Advento. Já aqui se fez uma proposta de oração e contemplação. A minha proposta hoje queria ser um vídeo, uma música ou uma imagem, mas a incomensurável gama de clichés da época encurralaram-me o desejo de um pouco de novidade. Fica então um lugar meu conhecido onde costumo ir beber propostas - um vídeo, um poema, uma crónica de longe -, para quem tiver a sede ou a curiosidade duma viagem virtual a outras paragens espirituais. Bom começo de Advento :)

http://essejota.net/


30 de Novembro

A felicidade... incessantemente ao meu alcance

"O que mina e envenena, geralmente, a nossa felicidade, é sentir tão próximo o fim e o fundo de tudo o que nos atrai: sofrimento das separações e da usura, - angústia do tempo que passa, - terror perante a fragilidade dos bens possuídos, - decepção por se chegar tão depressa ao fim do que somos e do que amamos... Para quem descobriu, num Ideal ou numa Causa, o segredo de colaborar e identificar-se, de mais perto ou de mais longe, com o Universo em progresso, todas estas sombras se dissipam. Refluindo - com o fim de as dilatar e as consolidar, e nunca para as diminuir ou destruir - para a alegria de ser e a alegria de amar - a alegria de adorar comporta e traz na sua plenitude uma maravilhosa paz. O objecto que a alimenta é inesgotável, porque se confunde, sempre mais próximo, com a própria consumação do mundo à nossa volta. Escapa, por este modo, a toda a ameaça de morte e corrupção. Enfim, dum modo ou doutro, está incessantemente ao nosso alcance, dado que é a melhor maneira de o alcançarmos é, simplesmente, cada um no seu lugar, fazer aquilo que está ao seu alcance."


in P. Teilhard de Chardin, Sobre a Felicidade Sobre o Amor

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

29 de Novembro

Da proposta do São João de Brito para este Advento

"Ao ouvi-lo, Jesus ficou admirado e disse àqueles que O seguiam:
- Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé. Por isso vos digo: Do Oriente e do Ocidente virão muitos sentar-se à mesa com Abraão, Isaac e Jacob, no reino dos Céus."
Evangelho Mt 8, 5-11
O dom da Fé não conhece fronteiras, não tem eleitos, nem preferidos. É gratuito, universal e profundamente transformador. Acreditar e pôr em prética a mensagem de Jesus é o caminho da felicidade. Avida vivida com fé é a mesma, mas vivida de forma muito diferente. Aproveitar este Advento para fazer a minha fé crescer através da oração e da contemplação do que é a vontade do Senhor para a minha vida pode ser profundamente fecundo.

28 de Novembro

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
Guarda Senhor todos aqueles de quem gostamos e ja estão contigo.

Pai Nosso...
Avé Maria...
Avé Maria...
Avé Maria...

Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo,
Assim como era no princípio, agora e sempre. Amén.