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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

12 de Dezembro

Não sejas obcecado com o poder. Sê obcecado pela Verdade.

É importante ter em mente este confronto "Verdade versus Poder", porque é precisamente neste conceito que se distingue a Igreja de alguns dos seus inimigos, nomeadamente a maçonaria. Há quem faça a confusão, e diga que Igreja e maçonaria têm valores comuns, como o amor, a fraternidade, a liberdade. Mas neste caso, estas palavras são ocas, pois, com as mesmas letras e sons, são no fim de contas recheadas por diferentes significados.

Abre parêntesis.

O amor entre namorados, por exemplo, é muito diferente se o entendermos de um prisma do poder, em vez de o vivermos a partir da verdade. Do ponto de vista do poder, o amor é possuído: "ela é minha, é a minha namorada"; quando na verdade, ela não é escrava de ninguém, mas digna e livre, merecedora de todo o nosso respeito. Se o rapaz olhar para a sua namorada com verdade, mais facilmente a ama. Se a vir como posse, não parará de fazer exigências e de a tentar "domesticar".

Fecha parêntesis.

Jesus Cristo disse e nós acreditamos, que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Por isso, não cedas na Verdade. Busca-a incansavelmente, sem nunca te dares por satisfeito. Tem a coragem de mergulhar as raízes das tuas convicções no amor de Deus, e então verás como podes ser feliz, até na dor.

Verás também como as demais seduções são ervas daninhas que nos secam e fazem das nossas vidas um campo estéril, sem sentido, e mais tarde como um saco vazio que só se enche de tristeza, sem sabermos como nem porquê.

Só em Deus podemos ser felizes.

O poder isola, a Verdade une.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

10 de Novembro


O Homem do Saldanha morreu. Também conhecido por "o Senhor do Adeus", João dedicava o tempo a cumprimentar desconhecidos, com acenos e sorrisos. Era um verdadeiro ex libris da cidade de Lisboa, levando a alegria ao Restelo de dia e à praça do Saldanha de noite.

A simpatia do Homem do Saldanha quebrava o gelo e obrigava-nos a sair do conforto do anonimato, desta indiferença social que a cidade teima em nos impor. Diz a gente que este senhor cumprimentava os desconhecidos porque se sentia só. Podemos julgar que a sua postura no dia-a-dia era fora do normal, mas isso não quer dizer que ele não tivesse toda a razão em encarar a vida assim. Penso até que tinha. E parecia ser, acima de tudo, um homem genuíno e bondoso.

Bastantes foram os que insultaram João à noite, já com os copos, e muitos o consideraram maluco. Não sei se alguém alguma vez lhe bateu, mas não me admiro (não sei porquê, o episódio até me está a soar). Mas o "Senhor do Adeus" era inofensivo e demonstrava o seu afecto para com todo e cada desconhecido que passasse por ele, mesmo ao mais carrancudo, talvez principalmente a esse. A maioria das pessoas cumprimentava-o. Alguns ousaram falar-lhe, conhecê-lo, ser amigo. Dois amigos iam todos os Domingos com João ao cinema, e mantiveram um blog de crítica de cinema em conjunto, até ontem. A vida deste senhor dava um fado, dava e deu. Inspirou esta bela interpretação em dueto de Carlos do Carmo e Marco Rodrigues.

O Homem do Saldanha chamava-se João Manuel Serra. Morreu neste dia dez, aos 79 anos. Que descanse em paz e que Deus o acolha no Céu, onde sabemos que a solidão não existe mais. E possamos também nós aprender a ser mais "loucos", como ele foi. Como ele é.