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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

7 de Novembro

Tudo faz sentido, é só uma questão de tempo, silêncio e paz para o entender. Nem tudo o que é agradável é bom. Nem tudo o que é bom se nota. E, tal como escrevia Saint-Exupéry, o essencial é invisível aos olhos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

14 de Setembro

O mundo precisa de sábios. Não chega ser "conhecedor", que é uma mera característica de quem possui conhecimentos. Sabedoria é coisa diferente, e devemos almejá-la com outro empenho. Sabedoria é ter o conhecimento e fazer a escolha mais acertada. Ser sábio é uma virtude ou um elogio, mas ser conhecedor é apenas um atributo. Ser sábio implica deliberar cuidadosamente onde está o bem e onde está o mal, separar o trigo e os alhos do joio e dos bugalhos, para tomar a melhor decisão em consciência.

Há muitas pessoas admiradas na opinião pública pelo seu conhecimento, são idolatradas até, e que enchem os jornais e a TV com as suas análises de perito. O seu papel é conhecer a realidade e criticá-la da forma mais implacável e chocante que é possível. Armados da palavra, desfazem a imagem de outras pessoas em fanicos e golpeiam as suas reputações impiedosamente. Mas, ainda assim são "conhecedores", connoisseurs, como dizem os que querem também mostrar que "conhecem" francês, que fica sempre bem (já agora, fui conferir ao Google como se escrevia o estrangeirismo...). No fim, citam os seus amigos comentadores e piscam-lhes o olho, na esperança que lhes retribuam a publicidade numa futura análise. Claro que nem todos são assim, estou a exagerar um pouco e a afastar-me do ponto que quero tocar.

O ponto que quero fazer é que nem todos os conhecedores são sábios. O sábio não quer apenas compreender os problemas, mas procura uma solução para eles. O sábio é ponderado e temperado, porque quer estar seguro (que é coisa diferente de ter a certeza) que está a diagnosticar bem a situação para responder da melhor maneira aos desafios que a vida nos faz.

O sábio é um conhecedor com ética, e por isso o mundo precisa de sábios. Precisa de pessoas que saibam acolher os ensinamentos de Deus e ajam de forma cristã. Precisamos de ti.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

22 de Julho

"Cada pessoa com quem me encontro traz consigo a sua carga complexa de subtis decisões. Cumprimento-a? Paro para falar com ela? Detenho-me um bom bocado, ou despeço-me logo? Mantenho-me reservado ou confio nela e desabafo? Mostro indiferença? Mostro interesse? Mostro afecto? Um enorme monte de decisões num encontro casual... se na verdade reparo e reajo vivamente, se me fixo nas pessoas e lhes dou importância e se me dou ao luxo de ser livre e espontâneo a cada momento. Se deixo passar essas oportunidades e me faço surdo à existência dos outros, perco a minha própria vitalidade, os meus dias convertem-se em rotina e vejo que afinal não faço outra coisa que não seja o dizer sempre o mesmo, às mesmas pessoas e no mesmo sítio e fazer sempre o mesmo, do mesmo modo e com o mesmo aborrecimento. Contudo, se reparo na diferença subtil de cada dia e de cada instante, se ajusto a minha livre reacção a cada pessoa e a cada caso, à cara, aos olhos, ao sorriso, ao jogo de luzes e ao dançar da brisa, ao momento presente e à sua profundidade eterna, então vou para a vida e entrego-me e gozo, e encontro-me a mim mesmo contribuindo para a tarefa redentora de libertar o mundo das cadeias da rotina. (...)

Toda a decisão tem o seu momento nas estrelas, na qual se enquadra, prospera e gera vida nova. Sinto a plenitude do tempo surgir dentro de mim. Entrego-me à maré. Inclino a minha cabeça, tomo a decisão, dou o sim e ofereço-o a Deus. Ele também inclina a sua cabeça, aceita e abençoa. Contacto de fé. Eu continuo alegre e decidido, fortalecido pela experiência vital duma eleição ao vivo. O dia foi consagrado."

in Vallés, Saber Escolher

quinta-feira, 1 de julho de 2010

1 de Julho


"Duas espadas não cabem numa bainha. Escolhe a tua arma e luta com ela. Escolhe o teu senhor e serve-o fielmente. Não duvides, não atrases, não esperes. Desterra as meias tintas da tua vida e decide-te a fazer as coisas de Deus."


in
Vallés, Saber Escolher

quinta-feira, 24 de junho de 2010

24 de Junho

"Esforçai-vos para vos reunirdes com maior frequência para dar graças e louvar a Deus. Pois, quando vos reunis frequentemente, as forças de Satanás são derrubadas e os seus malefícios destruídos pela unanimidade da vossa fé. Nada supera a paz, que triunfa sobre todos os assaltos das potências celestes ou terrenas.
Nada disto vos será desconhecido se tiverdes em Jesus Cristo uma fé e um amor perfeitos, que são o começo e o fim da vida: o começo é a fé, e o fim a caridade. As duas reunidas são Deus. Todas as outras virtudes que conduzem à perfeição procedem das duas primeiras. Ninguém peca enquanto professa a fé; ninguém odeia enquanto possui a caridade. "A árvore conhece-se pelos seus frutos"; do mesmo modo, reconhece-se quem professa ser de Cristo pelas suas obras. Porque a obra que nos é pedida hoje não é uma simples profissão de fé, consiste em praticá-la até ao fim. Vale mais calar e ser, do que falar sem ser. É bom ensinar, quando se faz o que se diz. Temos apenas um mestre, aquele que "disse e tudo foi feito" (Sl 32, 9), mesmo as obras que fez em silêncio são dignas de Seu Pai. Quem compreende verdadeiramente a palavra de Jesus pode entender também o Seu silêncio; será perfeito se agir conforme o que diz e será reconhecido pelo seu silêncio. Nada se oculta ao Senhor; até os nossos segredos Lhe são familiares. Por conseguinte, façamos tudo pensando que Ele habita em nós; seremos templos Seus e Ele será em nós o nosso Deus."

Santo Inácio de Antioquia, comentário ao Evangelho de São Mateus (Mt 7, 15-20)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

17 de Junho - II

II

E não há lugar para dúvidas? Para discernimento? E para descobrir que afinal não é por ali?

Há. Depois da escolha abraçada, da persistência e do empenho e de ter dado o meu máximo por aquele projecto, por aquela pessoa, por aquele curso pelo qual inicialmente me apaixonei, o desejo aprofunda-se, a vontade espessa-se e eu também me vou sentindo confirmada ou não na minha decisão. E são esses sinais continuados de confiança e paz que me dizem que a minha vida naquele momento passa por ali - ou o contrário me diz que não.

17 de Junho - I

I

Entre "Tive um mau dia" e "Sinto que estou a ter um mau dia" a diferença é subtil, mas existe. Posso ter estado à mesa a estudar durante três horas e sentir no final que não valeu de nada, mas no dia seguinte voltar e ver que afinal até sei a matéria que estive a estudar no dia anterior. Ou estar num café com uma pessoa e sair de lá a sentir que não consegui dizer uma frase decente, mas chegar a casa e ter no telemóvel uma mensagem a agradecer pela óptima conversa.

Na vida cristã, é quando me apercebo que o que eu vejo não é tudo (ou se calhar nem um décimo da verdade das coisas) que começa a tomar forma uma outra dimensão de entendimento da realidade, a da confiança. A confiança não está tanto no eu agir baseada num sentimento de que Deus está comigo, mas sim - e se calhar até mais - quando eu sinto o quarto vazio e mesmo assim rezo um Pai Nosso. Ou quando tenho a sensação de que o estudo ontem não rendeu, e hoje também não, e no dia seguinte não corre bem na mesma, e mesmo assim persisto porque quero levar para a frente, também na dificuldade, aquele que eu escolhi ser o meu curso. Ou o rumo do meu relacionamento com os meus pais. Ou aquele projecto que abracei no início do ano.

"Tenho um amigo meu que é mergulhador em profundidade. Ele contava-me que, às vezes, quando ele e os amigos mergulhavam fundo demais, a membrana do tímpano rompia e eles ficavam sem a mínima capacidade de orientação. Ora, quando isso acontece, como é que os mergulhadores voltam à superfície, sem conseguir perceber se estão a subir ou a descer? Seguem as bolhas de ar. E este meu amigo dizia-me: "E sabes o que é mais assustador? É eu estar a seguir as bolhas de ar em direcção à superfície e ter a nítida sensação de que estou a descer."