sábado, 9 de janeiro de 2010

8 de Janeiro

“Eu gostaria de ouvir e compreender como, no início, Vós fizestes o Céu e a Terra. Moisés escreveu isto, escreveu e partiu, foi-se de Vós para Vós. Ele não está agora diante de mim. Se ele estivesse, eu o seguraria e lhe pediria e imploraria por Vós a revelar-me todas as coisas, e abriria os ouvidos de meu corpo aos sons que brotariam de sua boca. E se ele falasse em hebraico, esses sons atingiriam meus sentidos em vão e nada disso tocaria minha mente. Mas se falasse em latim, eu compreenderia o que ele dissesse. Mas como eu poderia saber se ele falaria a verdade? ... Realmente dentro de mim, no interior, na câmara de meus pensamentos, a Verdade – nem em hebraico, nem em grego, nem em latim, nem em uma língua dos bárbaros, sem órgãos de voz ou língua, sem som de sílabas – diria: “Isso é verdade”. E eu então diria, com total confiança, ao Vosso homem: “Tu dizes a verdade”. Como eu não posso interrogá-lo, eu Vos peço, a Vós, Verdade, que o enchestes e o fizeste falar a verdade, a Vós, meu Deus, eu peço, perdoai meus pecados; e Vós, que permitistes àquele Vosso servidor falar essas coisas, dai-me também permissão para compreendê-las.”

Santo Agostinho
“Confissões”
TP

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